Lição de não partir
Ela ficou na rodoviária me olhando com cara de partida. Mas quem partia era eu. Não ela. Vi em seus olhos exílios, noites transparentes e insones. Vi em seus olhos um desespero manso, tristeza de olho de boi indo para o irremediável. O ônibus rodou. Seus olhos em meus olhos eram rios que desaparecem nos mares da esquina. E o ônibus continuou rodando alguns quilômetros coração adentro. Depois, com o coração em repouso, percebi no céu que ela tinha virado lua e seus olhos eram luares que clareavam os claros do coração.
Big Ben, o viajor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário